quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Dá-me luz

Não estou a funcionar bem desde que abri a carta de amor da EDP neste belo e melancólico mês de Setembro, quase, quase, Outono em Portugal, quando os gatos vadios mudam poeticamente de sítio e as folhas das árvores em frente da janela do meu quarto começam a cair paulatinamente no chão e no meu coração. Jesus, estás a ver, preciso de iluminação

Falta de autoconceito?

Woody Allen, que Alberto Pimenta refere num texto belíssimo sobre o tema, "A Metáfora Sinistra", escreve que não devemos pensar mal da masturbação - ao contrário do que ensinam nos seminários, na Juventude Popular, nos Partidos Comunistas e no Tea Party - porque é fazer amor com a pessoa que mais amamos (cito de cor e o aparte entre travessões é meu). Pergunto, então: quando bato uma boa punheta e fico profundamente arrependido e enojado significará isto psicologicamente falta de auto-estima, falta de autoconceito? 

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Anedota popular (adaptada)

- Pai, sou gay.
- O quê?
- Pai, decidi assumir, sou gay, sou homossexual.
- Que conversa é esta agora?
- Sou homossexual e vou assumir.
- Tu por acaso tens uma casa com piscina na Foz? Tens um Mercedes? Tens uma casa no Algarve? Não tens, pois não?! Então não és homossexual, não és nada! És mas é um grande paneleiro!

O céu e a terra

Camilo Castelo Branco citado por José Viale Moutinho: "O céu e a terra estão feios, feios até ao nojo - queira perdoar-me o sublime criador e conservador da terra e do céu".  

Desistir de desistir

Há momentos em que o meu maior desejo obsessivo é desistir de tudo - até dos livros - um convite pleno à não desistência -, até mesmo desistir de desistir.

sábado, 6 de setembro de 2014

Que me doesse só naquele ponto

Preferia levar um tiro numa perna e que me doesse só naquele ponto, que andasse mancando só naquele sítio. Levar um tiro na alma faz mancar o corpo todo.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

E no final do livro?

Estou a ver que um escritor não entra às nove da manhã e sai às cinco da tarde, um escritor não cumpre horário, não tem vidinha, tem uma vida com o livro, vive todas as horas com o livro. Um escritor entra às oito, nove e nunca mais despega. Vai ao supermercado com o livro, janta com o livro, ouve o telejornal com o livro, vê a telenovela brasileira com o livro, tem uma pancada de sono com o livro na cabeça, dorme com o livro, vai com o livro à casa de banho, vai com o livro tomar um café, toma um duche com o livro, toma o pequeno-almoço com o livro, vai para uma esplanada com o livro, vai à praia com o livro, sai à sexta à noite com o livro, faz amor com vários personagens de/do livro, no final, salva-se ou fode-se com o livro. 

Avante, camarada, é Setembro

Sou da esquerda trendy, ‘tás a ver, mano? Vejo espectáculos de dança contemporânea, leio valter hugo mãe, e como sushi num restaurante empreendedorista de Massarelos, sushi, ‘tás a ver?!, a comida da nova classe média, sardinha assada é muito povo. Mas ouço José Mário Branco e Capicua. Canto os amanhãs no 25 de Abril, no 1.º de Maio e na Festa do Avante! Mais do que isto não canto pois posso ter problemas de garganta e os hospitais estão pela hora da morte. 20 euros por uma urgência? No resto do ano, sou um burguês IKEA e tenho um Mercedes à porta para disfarçar, tanta pobreza igualitária é de mais, não achas, brother?! Ajudo os pobres só no Natal; como pensam as minhas amigas dondocas da Foz do Douro, o Natal, ao contrário do que diz o povo, não é quando um homem quer. Avante, camarada, é Setembro e já tenho saudades das férias em Benidorm!

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

O turismo é o desfado dos portugueses propriamente ditos


Em Portugal, já quase há mais turistas (emigrantes portugueses e estrangeiros – nórdicos, espanhóis, franceses, brasileiros, japoneses) do que portugueses (indígenas) que imagina-se que um dia suceda o seguinte: o turista, não tendo quem o sirva, sem escravos de 500 euros, serve-se a ele mesmo como se estivesse em sua casa, no seu jardim à beira mar plantado, com talvez a ajuda do senhor secretário de estado do turismo e dos seus chefes de gabinete, escravos de 5000 euros, se, por qualquer fado da vida, estes ilustríssimos membros do governo do reino não tiverem que partir em busca de oportunidades de empreendedorismo (tenho mesmo de sujar o blogue com esta palavra) pessoal. 

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Entretanto, numa confeitaria de Paranhos, a vida, a traição

Coitado, sofreu muito! Elas chupavam-no todo! O pervertido, sentado na mesa ao lado, pensa: a língua, como a vida, é muito traiçoeira.